sexta-feira, 21 de novembro de 2008

"Não come carne? Então come o quê?"

Muitas pessoas pensam que o consumo de carne é essencial para se manter saudável, 'forte' e bem nutrido. Assim, muitos vegetarianos passam por situações de questionamento quanto à escolha de seguir essa dieta. O texto abaixo, numa linguagem descontraída, mostra a visão de uma vegetariana e muitos dos mitos, estereótipos ou preconceitos enfrentados por eles. Confira:


“Não come carne? Então come o quê?”

Que atire a primeira pedra o vegetariano que nunca ouviu essa pergunta ou uma bem parecida. Apesar do esforço para mostrar que a vida sem carne no prato é perfeitamente normal, a verdade é que nossos dias não são nada comuns. O fato de excluirmos animais do cardápio gera uma bateria de reações que enfrentamos a toda hora, em quase todo lugar. Não é simplesmente ser vegetariano e viver feliz para sempre, quietinho no seu canto. O dia-a-dia revela-se repleto de situações recheadas de perguntas, críticas e até ofensas.
Mesmo os acontecimentos mais banais acabam se tornando, vamos dizer assim, especiais quando um vegetariano entra em cena. Saber lidar com tudo isso é primordial para a sobrevivência em um mundo nada pró vegetarianismo. O bom humor e a diplomacia são os grandes aliados do quotidiano, transformando cada um desses momentos em oportunidades para esclarecer, desmistificar e reafirmar valores.

O “ser vegetariano”

O vegetariano é quase um extraterrestre, alguém completamente fora de contexto. O fato de não comer carne é algo altamente incompreensível para a maior parte da humanidade. Prova disso é a crença de que ninguém É vegetariano, mas ESTÁ vegetariano. De algum modo, as pessoas concluem que vegetarianismo é um modismo, como “dieta da lua” ou de “south beach”.
É por isso que sempre tem alguém perguntando “E aí, continua sem comer carne?” ou “E aí? Ainda tá praticando aquela dieta?”. A conseqüência óbvia é continuarem oferecendo o que sabem que não comemos: “Vai um pedacinho de churrasco? Só um pedacinho!”. Sem falar na imagem zen que os “comedores de folhas” passam. Quer coisa mais natureza do que alguém que só come planta? Ainda existe quem veja os vegetarianos como seres abstêmios, cuja vida se resume a ficar recitando mantras e tomando chá verde após a saladinha de cada dia, recolhendo-se quando o sol se põe.
O mais interessante é a classificação dos alimentos em dois grandes grupos: de um lado, todo o reino animal, de outro, a alface. A bendita alface! Muitos parecem crer piamente que os vegetarianos são uma espécie de seita, “Os Adoradores do Pé de Alface” ou algo do gênero. E daí, claro, deduzem que a comemos no café da manhã, no almoço e no jantar, sem falar nos pratos especiais elaborados à base da sagrada folha: suco de alface, bolo de alface, pastel de alface...
Como tirando a carne do cardápio não sobra nada para comer, querem logo saber, “Mas o que você come, afinal?”. Bem, nos dias em que a conjunção astral colabora, é possível dispor de toda a paciência para explicar que no mundo, além de animais, existem frutas, cereais, legumes... Mas, como às vezes é bom ser espirituoso, dá para sair com uma resposta tão básica quanto a pergunta: “Vivo de luz!”. Afinal, com tanto mato no cardápio, provavelmente já desenvolvemos a capacidade de realizar fotossíntese.

Mitos, estereótipos e cia

Quando acreditamos finalmente ter encontrado alguém que compreende o significado do termo vegetariano, o sujeito arremata: “Mas carne branca come, né?!”. E lá vem exemplo de primo distante que é vegetariano e come frango, sem falar dos famosos que dão receita de moqueca de peixe na TV, prestando um serviço de desinformação sem igual ao se declararem vegetarianos.
E por falar em peixe, para piorar a situação, ainda tem a velha lenda dos “frutos do mar”. Quem teve a infeliz idéia de criar a expressão devia mesmo nutrir um apreço especial por vegetarianos. Se já é difícil explicar que frango é animal, portanto, é carne também, mais complicado é convencer as pessoas de que peixe não é vegetal, assim como camarão e ostras não dão em árvore.
Muito comuns são os comentários a respeito da alimentação vegetariana, sempre tão gentis. Como ainda impera a crença de que nos alimentamos de folhas, ante a descoberta de que comemos quase as mesmas coisas que as pessoas “normais”, é natural a reação de espanto, acompanhada da certeza de que se trata de comida natureba ou insossa. Situações que ocorrem com certa freqüência, como no caixa do supermercado, quando um funcionário passa uma lata de salsicha vegetal com indisfarçável cara de nojo “Vai comer isso??? Credo!!!”.
Outra abordagem típica é a forma física do vegetariano. Ou melhor, a falta de forma. Afinal, muita gente ainda acredita que vegetarianismo e raquitismo são companheiros inseparáveis. Se existe algum vegetariano que nunca foi perseguido por perguntas sobre sua saúde, é espécie em extinção. A idéia de fraqueza associada a uma alimentação sem carne apenas é reforçada pela descoberta de que, além do bifinho, alguns vegetarianos não consomem ovos, leite e seus derivados. Aí a coisa se intensifica: são quase inevitáveis as reações de espanto e incredulidade, aliadas, muitas vezes, à certeza de que o vegetariano em questão não bate bem da bola.
Curioso o poder que o vegetarianismo tem de mudar conceitos. Funciona como um daqueles espelhos que distorcem a imagem refletida. É muito comum que antes de saberem que não comemos carne as pessoas nos vejam normalmente, mas, depois da revelação bombástica, “Bem que eu desconfiei! Você anda tão magrinho!”. Por outro lado, pode acontecer de, contrariando os mitos catastróficos, a descoberta causar um impacto ligeiramente diferente: “É vegetariano? Mas nem parece!”. E nessa eterna batalha por credibilidade, os vegetarianos tornam-se reféns do imaginário popular, e se vêem praticamente obrigados a ter uma saúde perfeita. Sim, porque vegetarianos NÃO podem ficar doentes. Ai daquele que ouse, pois, se já estavam começando a aceitar seu modo de vida, basta um ventinho mais frio para algo tão inocente e natural quanto um espirro transformar-se em vilão, abalando a frágil atmosfera de paz: “Viu só? Eu te avisei! A gente não pode ser radical!”.

Por Sabryna Tosta





Texto (com modificações) copiado do site abaixo:

http://www.svbpoa.org/index.php?Itemid=31&id=53&option=com_content&task=view


Fonte: http://www.svbpoa.org/


Postado por Camila.

3 comentários:

Anônimo disse...

Excelente esse artigo!! Deu pra rir muito!

Anônimo disse...

"Não come carne ?Então come o quê?"
Eu como arroz, feijão, macarrão,legumes e verduras como tomate , cenoura, beterraba, couve -flor broculis, batata , mandioca etc e frutas, como banana , maçã pessêgo e outras.Essa é uma pergunta idiota que só imbecis fazem como se carne fosse a única coisa que tivessemos pra comer fosse carne aliáis carne não cadaver.È a tipica pergunta de quem fala antes de pensar.

silsane d. silva disse...

é isso aí, tem gente que acha que quem não come carne não é normal, tem até piadinhas do tipo: " se salada fosse bom tinha rodízio "... esse é um típico pensamento idiota... valeu!!!!